
Um estudo recente, apresentado pelo Dr. Patrick Sullivan na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2024), revelou uma queda significativa nos novos diagnósticos de HIV nos estados dos EUA com maior cobertura da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), um medicamento usado para prevenir a infecção pelo HIV. Entre 2012 e 2021, esses estados tiveram uma redução notável nos casos, enquanto os estados com menor cobertura de PrEP mostraram menos progresso.
O que é a PrEP?
A PrEP é um medicamento preventivo que pode reduzir drasticamente as chances de contrair o HIV quando tomada regularmente. Ela é especialmente indicada para grupos com maior risco, como homens gays e bissexuais que têm relações sexuais sem preservativo. Desde que foi aprovada em 2012, o número de pessoas que usam a PrEP vem aumentando, chegando a quase 364 mil usuários em 2022 nos EUA. No entanto, a eficácia máxima da PrEP depende do uso contínuo e adequado, o que nem sempre acontece.
A relação entre PrEP e a queda dos casos de HIV
O estudo de Sullivan avaliou os dados de prescrição e uso da PrEP em farmácias de todos os estados dos EUA entre 2012 e 2021, considerando o número de pessoas que precisavam do medicamento segundo os critérios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Em seguida, comparou essas informações com as taxas anuais de novos diagnósticos de HIV.
Os resultados mostram que estados com maior cobertura da PrEP (ou seja, com mais pessoas usando o medicamento em relação ao número de pessoas que precisam dele) tiveram uma redução significativa nos casos de HIV. Estados como Nova York, com 22% de cobertura de PrEP, tiveram quedas de até 8% nas taxas de novos diagnósticos anuais de HIV. Por outro lado, estados com baixa cobertura de PrEP, como West Virginia, onde apenas 4% das pessoas que precisam do medicamento o usam, viram aumentos nos diagnósticos de HIV, com alguns chegando a 11% de crescimento.
Programas de Assistência
Um dos fatores que mais influenciam a cobertura da PrEP é o acesso facilitado ao medicamento. Estados que oferecem programas de assistência para medicamentos e expandiram o Medicaid (programa de assistência à saúde para pessoas de baixa renda) têm se saído melhor na prevenção do HIV. Isso se reflete diretamente na queda das taxas de infecção.
Supressão Viral: Outro Fator Importante
Além da PrEP, a supressão viral, alcançada quando pessoas que vivem com HIV mantêm sua carga viral indetectável através do tratamento, é outra ferramenta crucial na redução das novas infecções. Pessoas com HIV que atingem a supressão viral não transmitem o vírus, o que reforça a importância do tratamento contínuo e eficaz.
A PrEP Faz Diferença?
Apesar de o estudo não provar definitivamente que a PrEP sozinha foi a causa da queda nos novos casos de HIV, ele fornece evidências claras de que há uma relação direta entre o aumento do uso da PrEP e a redução nas taxas de novos diagnósticos. Quanto maior a cobertura da PrEP em um estado, menores são as taxas de novas infecções. A pesquisa destaca ainda a necessidade de ampliar a oferta de PrEP, especialmente em estados com baixa cobertura, para garantir que mais pessoas em risco tenham acesso a essa importante ferramenta de prevenção.
A mensagem é clara: a PrEP funciona, mas ainda há muito trabalho a ser feito para garantir que seu uso alcance o máximo potencial na prevenção do HIV.
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