Em vias de criar uma rede global sobre Chemsex: um movimento além das fronteiras
- Fabi Mesquita Guarani
- 8 de mai.
- 2 min de leitura

Bogotá, Colômbia: A 28ª edição da Harm Reduction International Conference (HR25), realizada em Bogotá, não foi apenas um espaço de debate sobre chemsex. Foi um momento estratégico para fortalecer alianças globais em torno do tema e avançar na construção de uma rede que transcenda fronteiras, gêneros e contextos socioculturais.
Entre as conversas mais relevantes sobre chemsex, o reencontro com Jorge Aranda Flores, Marie e Ben Collins, da Reshape e The Global Chemsex Network, foi um ponto alto. Desde o último encontro em Munique, o Instituto Multiverso tem se articulado com essas lideranças para fomentar um diálogo global sobre chemsex, focado em um olhar interseccional, anticolonial e inclusivo.

“Desde nosso Seminário Internacional de Chemsex, realizado em Santos em 2024, estamos trabalhando para ampliar as perspectivas em torno do tema”, afirmou Aranda Flores. O evento, organizado pelo Instituto Multiverso, foi um marco inicial para questionar visões limitadas sobre chemsex, desafiando o entendimento restrito de que apenas algumas drogas poderiam ser associadas à prática. “Ali começamos a levantar questionamentos sobre a importância de um debate menos sexista e colonial, trazendo à tona experiências que, até então, eram invisibilizadas ou criminalizadas”, complementa.
A construção dessa rede global não é apenas uma iniciativa acadêmica. É um movimento que busca ressignificar as práticas de chemsex, entendendo-as como um fenômeno multifacetado, que envolve não apenas prazer, mas também resistência, autonomia e conexão. “Enquanto homens gays e bissexuais no Ocidente têm uma história bem documentada de chemsex, o uso de substâncias para alterar e intensificar experiências sexuais perpassa gêneros, sexualidades e culturas”, pontuou Ben Collins.
Essa visão ampliada foi um dos eixos centrais das discussões em Bogotá. Collins ressaltou que a criminalização e a patologização de corpos e práticas variam de acordo com o contexto cultural, impactando de forma diferenciada sex workers, migrantes, comunidades racializadas, povos indígenas e subculturas como swingers.
Para Marie, o momento é de fortalecer conexões globais, não apenas para compartilhar dados, mas para construir estratégias que se sustentem em redes de afeto, solidariedade e cuidado. “Além das conversas acadêmicas, estar junto foi um ato revolucionário. O afeto também é uma forma de resistência”, declarou.
O Instituto Multiverso segue firme na construção dessa rede global, unindo forças com ativistas, pesquisadores e comunidades ao redor do mundo. “Temos orgulho de estar ajudando a escrever essa história, abrindo espaço para vozes que historicamente foram silenciadas ou invisibilizadas”, afirma a organização.
De Bogotá a Munique, de Santos a Nairobi, a criação de uma rede global sobre chemsex avança, conectando experiências e ampliando o debate para além das lentes eurocêntricas e biomédicas. Afinal, quando o cuidado é construído a partir do afeto, a revolução não apenas é possível — ela já está acontecendo.
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