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Prática do ‘chemsex’ cresce no Brasil e preocupa especialistas por riscos à saúde mental e física

Atualizado: 18 de out.

Psiquiatra Arthur Guerra e o ativista João Geraldo Neto discutem impactos do sexo associado a drogas, estratégias de redução de danos e o papel da informação na prevenção
Psiquiatra Arthur Guerra e o ativista João Geraldo Neto discutem impactos do sexo associado a drogas, estratégias de redução de danos e o papel da informação na prevenção

A associação entre sexo e uso de substâncias químicas — prática conhecida como chemsex ou sexo químico — tem ganhado força no Brasil e acendido alertas entre especialistas em saúde pública. Dados de um estudo publicado no periódico científico Health Care apontam que cerca de 13% da população mundial já se envolveu em práticas de sexo químico. No país, o fenômeno tem se espalhado especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.


Para compreender melhor os riscos e possíveis caminhos de enfrentamento, a CBN ouviu o psiquiatra Arthur Guerra, coordenador do Núcleo de Drogas e Álcool do Hospital Sírio-Libanês, e João Geraldo Neto, especialista em sexualidade, mobilizador social e criador do chatbot Synô, plataforma voltada à redução de danos em práticas de sexo químico.


‘Estamos diante de um problema sério, que já representa um desafio concreto nos serviços de saúde. Em uma clínica onde atuo, de 16 pacientes internados, três estão ali por questões diretamente relacionadas ao chemsex’, relatou o doutor Arthur Guerra.

Segundo o psiquiatra, o uso de substâncias como metanfetamina, GHB (conhecido como “êxtase líquido”) e outras drogas estimulantes e depressoras tem como objetivo intensificar sensações sexuais, mas pode gerar rápida dependência, agravada por questões emocionais e quadros prévios de depressão, ansiedade ou isolamento social.


‘Algumas pessoas buscam essas drogas como uma bengala emocional. Há um prazer intenso, mas curto, seguido de vazio, frustração e vontade de repetir. Isso acaba virando um ciclo de compulsão’, afirmou Guerra.



João Geraldo Neto, que atua há anos com acolhimento e orientação sobre HIV e sexualidade, explica que o crescimento da prática se dá especialmente entre homens que fazem sexo com homens e tem forte ligação com o uso de aplicativos de encontros e festas privadas. Para atender essa população, ele desenvolveu o chatbot Synô, acessível via WhatsApp e treinado para oferecer informações e acolhimento em português, espanhol e inglês.


‘O Synô é um robô que atua 24 horas por dia e orienta sobre redução de danos, identificando, por exemplo, combinações perigosas de substâncias ou sinais de risco nos próprios emojis usados em aplicativos. É uma forma de informar, acolher e orientar sem julgamento’, explicou João.


O chatbot Synô pode ser acessado gratuitamente pelo número (62) 98111-8873, via WhatsApp. Também é possível encontrá-lo pelo Instagram do Instituto Multiverso (@multiversoinstituto), onde está disponível o link direto na bio.


João destaca que o Instituto adota uma abordagem pragmática. ‘Algumas pessoas não querem parar de usar. A gente não incentiva o uso, mas entende que, com informação, é possível reduzir os danos, evitar overdoses e preservar vidas’, completou.


Fonte: CBN Globo

 
 
 

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