
A recente decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o financiamento para programas globais de combate ao HIV e à aids pode desencadear uma catástrofe humanitária sem precedentes. Segundo o Unaids, essa medida pode resultar na morte de mais de seis milhões de pessoas até 2029 (Veja, 2024). O corte drástico de recursos afeta diretamente países de baixa renda, onde muitas clínicas comunitárias dependem exclusivamente desse financiamento para oferecer tratamentos essenciais.
A história demonstra que líderes autoritários podem ascender por meios democráticos, mas suas ações podem levar a consequências devastadoras. Trump, com suas políticas isolacionistas e desmonte de acordos internacionais, traça um caminho semelhante ao de regimes autocráticos do passado, incluindo a Alemanha nazista. Adolf Hitler também chegou ao poder por vias democráticas, mas uma vez no comando, destruiu instituições democráticas, perseguiu minorias e desencadeou um dos períodos mais sombrios da história.
Embora as proporções sejam distintas, algumas estratégias de Trump lembram táticas usadas por Hitler para consolidar poder. A deslegitimação de organizações internacionais, a polarização da sociedade, a disseminação de desinformação e a adoção de políticas que comprometem vidas humanas estão entre os paralelos. A interrupção do financiamento ao combate à aids é um reflexo claro desse modelo de gestão: uma decisão política que pode condenar milhões, especialmente os mais vulneráveis.
O impacto dos cortes já é perceptível em diversos países. Na Etipóia, por exemplo, 5.000 profissionais de saúde perderam seus empregos, comprometendo significativamente a prevenção e o tratamento da doença. Clínicas comunitárias estão fechando, o que leva pacientes a abandonarem seus tratamentos, favorecendo o aumento de novas infecções.
Historicamente, cortes no financiamento da saúde global têm levado a consequências trágicas. Na década de 1940, o regime nazista promoveu experiências médicas desumanas, restringiu o acesso a tratamentos para determinados grupos e deixou milhões morrerem sem assistência. Embora as ações de Trump não se equiparem diretamente a essas atrocidades, elas revelam um perigoso desrespeito à vida humana e às políticas de saúde pública.
Ao enfraquecer instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (PEPFAR), Trump compromete avanços conquistados ao longo de décadas. O reflexo dessas decisões não será sentido apenas em países mais pobres, mas também nos Estados Unidos, onde comunidades vulneráveis podem enfrentar um retrocesso alarmante na prevenção e tratamento do HIV.
A ascensão de líderes com tendências autoritárias muitas vezes ocorre como resposta a crises políticas e econômicas. No entanto, a história comprova que tais regimes resultam em danos irreparáveis à democracia e aos direitos humanos. O corte de financiamento para a saúde global é apenas um dos sintomas de uma política que prioriza o isolacionismo e o desmonte de acordos internacionais em detrimento da vida de milhões.
O mundo não pode permanecer inerte enquanto vidas estão em risco. A comunidade internacional precisa agir para compensar a lacuna deixada pelos cortes dos EUA e pressionar para que tais decisões sejam revertidas. A história nos ensina que a omissão diante de ações autoritárias pode custar milhões de vidas.
Comments