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Autismo é Todo Dia: Reflexões de Uma Mãe Atípica



Por Talita Martins: Ser mãe de uma criança autista não é um conto de fadas. Não é sobre superpoderes, não é sobre romantizar desafios. É sobre amor, sim, mas também sobre exaustão. Sobre noites sem dormir, crises sem aviso, medos que nunca vão embora.


É sobre ver seu filho crescer sem amigos, enquanto outras crianças correm juntas no parquinho. É sobre sentir o peso da solidão porque, quando o diagnóstico chega, a família some, os convites diminuem, as portas se fecham. E, mesmo quando não desaparecem, muitos preferem acreditar que estamos exagerando, que “não parece autista”, que “é só uma fase”.


A incerteza nos consome. O que será do nosso filho quando não estivermos mais aqui? Quem vai entender suas dificuldades, respeitar seus limites, garantir que ele não seja apenas mais um número em um sistema que não se importa? A resposta nunca vem. O Estado é omisso, as políticas públicas são insuficientes, as terapias custam caro e, quando conseguimos um atendimento pelo SUS, a fila é infinita.


Enquanto isso, nossas crianças estão exaustas. Exaustas de um mundo que não as acolhe, de uma sociedade que exige que elas se encaixem, de escolas despreparadas, de olhares impacientes. Exaustas de terem que lutar para existir.


E nós, mães, seguimos lutando. Porque não há escolha. Seguimos enfrentando burocracias, preconceitos, portas fechadas. Seguimos implorando por um mínimo de compreensão, por direitos que deveriam ser garantidos. Seguimos, porque não há outra opção.


Ser mãe de uma criança autista é carregar um amor imenso no peito, mas também uma dor silenciosa. Uma dor que ninguém vê, que poucos entendem. Mas seguimos. Porque se não formos nós, quem será por eles?


Ser mãe de uma criança autista é um caminho desafiador, mas também é uma jornada de amor incondicional e aprendizado diário. E, no meio de todas as incertezas, quero deixar registrado o meu mais profundo agradecimento à minha pequena Alice.


Alice, minha filha, obrigada por transformar a minha vida. Por me dar a oportunidade de ver o mundo com outros olhos, de entender que a comunicação vai muito além das palavras ditas. Você me ensina todos os dias sobre paciência, resiliência e um amor que não cabe em definições. Você me tornou uma pessoa melhor, uma mãe mais forte, uma mulher mais consciente do que realmente importa.


E, nesta caminhada, eu, o Rondy e a Alice nunca estivemos sozinhos. Nossa rede de apoio é um verdadeiro alicerce, e minha gratidão transborda por cada um de vocês.


Minha gratidão a toda rede de apoio que construímos nessa jornada. Obrigada a todas as terapeutas que acolhem a nossa pequena com tanta sabedoria e respeito. E a cada pessoa que caminha ao nosso lado—amigos, primos, familiares—saibam que vocês fazem toda a diferença. Obrigada por estarem sempre com a gente.


Obrigada por estarem aqui, por segurarem nossas mãos, por amarem a Alice exatamente como ela é. O mundo pode ser um lugar difícil, mas com vocês ao nosso lado, ele se torna um pouco mais leve.


2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, mas a luta por respeito e inclusão não se limita a uma data. Autistas são pessoas, com direitos, sentimentos e histórias, e precisam ser enxergados e respeitados todos os dias. Todo dia é dia da pessoa autista.

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